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Experiências dos bolsistas

       Uma palavra só: intercâmbio, o que é isso? É difícil de descrever. O que significa na vida de uma pessoa? Eu passei meses tentando achar uma explicação, mas não, não consegui, só consegui dizer, e ter certeza, de que um intercâmbio é uma experiência que só pode ser sentida e vivida para ter uma verdadeira explicação. As pessoas podem imaginar o que você conta, mas esse processo de mudar sua vida para outro estilo, aprender novas ruas, novos nomes que nunca escutou e palavras que nem imaginou que existiam, só pode ser compreendido realmente por aqueles que viveram alguma coisa semelhante. O que foi Brasil para mim? Acho melhor perguntar: o que foi Brasil para mim com 19 anos? A possibilidade de abrir minha cabeça e meu coração para o mundo, aquele mundo real, além das fronteiras e das pessoas que conheço desde criança, abrir os olhos para a realidade de um país que não é o meu, mas que cada dia foi fazendo com que eu me sentisse uma brasileira. O que foi Rio Grande do Sul para mim? Muitas aventuras, muitos amigos incríveis, uma mistura de culturas convivendo numa terra belíssima, cheia de uma natureza tão rica: serras, florestas, praia, cidades, pampas, lagoas, rios... Cada passo é um descobrimento, uma aprendizagem, uma pessoa legal para te ajudar. Só precisei morar algumas semanas para me apaixonar por esse estado. O que foi a Universidade do Vale do Rio dos Sinos? Uma revolução, um sistema diferente, um universo de conhecimentos. Pessoas mais velhas e mais novas do que eu, todos passando ao meu lado, sem perceber que eu olhava para eles com o rosto cheio de admiração e curiosidade. Manhas, tardes e noites na Unisinos, em todos os seus cantos, sempre com minha câmera pronta na mão para tirar fotos de todo aquilo tão maravilhoso que uma universidade pode oferecer - e repetindo para todo mundo “tenho que levar registros de tudo o que eu vejo”-. Morei 140 dias no Brasil, não, morar não, eu vivi! Minha vida passou ali, muitas coisas mudaram, aprendi o valor de muitas coisas, cresci, vi a vida de um jeito diferente, conheci pessoas incríveis e ganhei amigos e irmãos! Não tem sentido explicar um intercâmbio só com a lógica, porque o realmente importante é isso que ficou na memória e marcou profundamente o coração. Comecei o intercâmbio como uma menininha e terminei-o como uma mulher que trouxe na sua mala projetos, vontade de fazer cada vez mais relações entre o Brasil e a Argentina, e principalmente, a certeza de que aquela frase “Se não for agora, quando?” Não é só uma bonita musica, é o motivo para tomar coragem e decidir que é sua vez de viver no mundo real! Vá à frente! O Brasil abre suas portas para você se sentir bem-vindo em cada cidade e com os milhões de pessoas que moram lá. Brasil, Rio Grande do Sul, Porto Alegre e São Leopoldo, esta menina sorridente e de cabelos loiros voltará sempre, voltará e abraçará a cada uma dessas pessoas que me ensinaram alguma coisa, que me deram sua amizade, que compartilharam coisas comigo; cada amigo, cada professor, cada pessoa que um dia me disse “oi tudo bem?” e roubou um sorriso meu, ficarão no meu coração, porque, simplesmente, ajudaram numa das maiores mudanças da minha vida e participaram de meu crescimento pessoal e profissional.

          Não tem idade para um intercâmbio, só lembre “Se não for agora, quando?” e tudo sempre vai dar certo! Obrigada Brasil, obrigada Uncuyo e Unisinos por permitir que alguém tão simples como eu, alguém de só 19 anos, possivelmente com poucas experiências e ainda muitas coisas por aprender, fosse a bolsita do segundo semestre de 2013, obrigada Deus por cuidar de mim nesses meses tão importantes e inesquecíveis no Brasil.      


Ailén Zenocratti
      
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      Agora, na reta final do nosso intercâmbio, estou vivendo na minha segunda casa estrangeira. Moro com uma estudante de música e comunicação que tem uma banda que eu adoro.
           É fantástico ter contato com pessoas de diversos nichos, descobrir vocabulários que a gente nunca imaginou que pudesse existir. Andei por "ferias de pulgas", feiras onde vendem antiguidades, e descobri que sobre os carros que estão a venda se coloca uma garrafa, que serve como identificação para interessados em comprá-los. Tive a oportunidade de aprender a dançar o flamenco, que sempre tive vontade de aprender, mas onde eu moro é raro. Conheci gente que viaja por toda a América Latina e tem muito pra contar. Pude apreciar o céu e as cordilheiras hermosas de Mendoza. Pude dar aula a alunos interessados, criativos e muito parceiros.
         Tive a oportunidade de conhecer e estudar numa instituição cujo sistema de ensino é muito diferente do que eu conheço, que me cobra muito em questão de conteúdo e de autonomia. Tive que adaptar meus próprios limites pessoais para aprender a conviver com pessoas que cresceram dentro da cultura argentina. Abrir-se para tais diferenças nos faz mais tolerantes, mais ricos culturalmente, nos faz enxergar aquilo que não gostávamos como diferenças a serem compreendidas. A gente descobre que abacate com açúcar é muito estranho quando percebe que todo o resto da América Latina como palta con sal (abacate com sal). Muitos mendocinos perceberam que aqui não é o único lugar que se toma mate, que se usa bombachas gaúchas e que se fala "che".













                                                                                                           Virgínia Maria


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IDA - VOLTA

          Não sei se interessa-lhes conhecer o que eu poderia chamar de “minhas sensações”, porém é difícil esconder os sentimentos quando o tema é “experiência”. Então, explico-lhes que aqui começo a escrever sobre minha vida em Mendoza - AR, durante os cinco meses de intercâmbio proporcionados pela parceria entre Unisinos e CAPES.
Já estou no Brasil desde o dia 1º de agosto, carregando a responsabilidade de ter sido a pioneira neste projeto que ainda vai abrir as portas para muitos futuros professores de língua espanhola.
        Volto feliz por recomeçar e triste pelo que tive que deixar. E, falando no que tive que deixar, segue o que pensei em algum momento nostálgico.
       Toda viagem tem duas grandes despedidas: a da ida e a da volta. Ao partir, você se despede dizendo “até logo” e ao voltar, dizendo “até logo”, também. A sutil diferença entre os dois é que o primeiro é verdadeiro e o segundo é falso. Por trás do primeiro “até logo” está a certeza do retorno e de que quase tudo esperará no mesmo lugar, no entanto, por trás do segundo está a dúvida sobre se devemos substituí-lo por “adeus”, “até nunca mais”ou “até algum dia”. É por isso que as lágrimas começam a brotar, mas sem drama, é preciso manter a postura. Não transformemos despedidas em questões sociolinguísticas, afinal, uma empresa aérea com boas promoções seguramente resolveria.
Deisy Bamberg

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        No dia 17 de agosto, as alunas Carla Buj e Deisy Bamberg, juntamente à Profª Drª Dorotea Frank Kersch, participaram de uma entrevista realizada no programa Conexão Unisinos FM. Durante a conversa, uma das entrevistadas comentou sua experiência de intercâmbio. A outra estudante falou um pouco sobre suas expectativas em estudar no Brasil. Além disso, a Profª Drª Dorotea Frank kersch explicou um pouco mais sobre o projeto: FORMAÇÃO DE  PROFESSORES DE PORTUGUÊS E ESPANHOL: AÇÕES ARTICULADAS EM TORNO DE  APROXIMAÇÃO DE CURRÍCULOS, uma parceria entre UNISINOS e UNCuyo. Abaixo, segue o link da entrevista, vale a pena escutar!

http://www.4shared.com/mp3/X9RmUnec/Conexo_Unisinos_FM_17082012_En.html


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A chegada!

Talvez como todas as chegadas a lugares desconhecidos, a minha na Argentina foi um choque, ainda que sem qualquer conotação negativa. Foi a segunda das minhas primeiras vezes: outro país e outro idioma.
Na ida ao hotel, com a queridíssima professora Gladys e seu esposo, na recepção, no noticiário, durante o café-da-manhã, por todos os lados estava ele: O ESPANHOL. A língua que estudei com tanto amor e dedicação se apresentava como um desafio e, mais que nada, como uma porta para um novo mundo a ser explorado.
Nestes primeiros momentos, a vontade que eu tinha era de gritar: OLÁ, ARGENTINA! OLÁ, MENDOZA! E, literalmente, correr ao seu encontro.

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  Curso de espanhol para estrangeiros, concluído.


            Os temas atuais, constantemente debatidos foram a principal característica do curso. Os assuntos que geraram maiores controvérsias foram: igualdade entre os sexos, adoção, contrastes da nação Argentina, política (fatos da ditadura e democracia no mundo), influência de Eva Peron, homem e meio ambiente, entre outros.
             Para o encerramento do curso nos foi proposto fazer um painel de debates, no qual expusemos e compartilhamos informações. Para desenvolver a tarefa lemos artigos científicos, informes e coletamos dados sobre os jovens da atualidade. Tivemos como tema base de investigação a questão dos jovens no mercado de trabalho, seus estudos e projetos. Enfatizamos o debate nas possibilidades de realizações dos jovens em distintas sociedades.
              A exposição/avaliação resultou leve e descontraída. Disfrutamos de um excelente lanche enquanto estávamos expondo, dessa forma foi possível incorporar novas possibilidades aos padrões de avaliações.
           O curso de espanhol como língua estrangeira foi conduzido pela Professora Gladys Lizabe.



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D.A.D

     Conforme programado e previsto dentro do projeto formação de professores de português e espanhol iniciamos as observações de aulas em uma escola de Mendoza. Como objetivo, buscamos a vivência e aproximação ao âmbito escolar, principalmente no que se refere à prática docente.
        A faculdade de Filosofia e Letras da UNCuyo mantém um departamento de aplicação docente (D.A.D) Em suma, este departamento de aplicação docente trata-se de uma escola de ensino fundamental, se comparada às escolas no brasil.
      Estrutura : o D.A.D. possui uma biblioteca em que os alunos têm acesso a livros didáticos.    
        Os alunos contam, também, com um pequeno acervo de vídeos tanto didáticos quanto de conhecimentos gerais. Por exemplo, há filmes, documentários, relatos de vida e obras de pintores e escritores diversos, entre outros temas. Junto à biblioteca há um local em que os alunos se reúnem em grupos de estudos e desenvolvem trabalhos práticos.
       Laboratório de ciência e tecnologia: neste espaço os alunos desenvolvem atividades práticas que permitem entender como funcionam certos fenômenos naturais e processos da natureza valorizando o papel da tecnologia como ferramenta de novas descobertas.
       Embora cada um dos alunos possua seu próprio notebook, o D.A.D conta com um laboratório de informática. Em 2010, a presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, anunciou a distribuição de 3 (três) milhões de notebooks a estudantes (do ensino médio) e docentes da rede pública de educação de todo país. Essa política de inclusão é o programa Conectar Igualdad, que tem como objetivo principal promover a igualdade de oportunidades a todos os jovens por meio deste instrumento de tecnologia.
         Há um espaço onde são realizadas as práticas esportivas. Na fotocopiadora os alunos podem fazer cópias, impressões, retirar materiais de aula disponibilizados pelos professores e comprar materiais escolares em geral.
         Serviço de assessoria e orientação psicopedagógico e social ao aluno: está composto por profissionais especializados que tem como tarefa principal assessorar e acompanhar todos aqueles que fazem parte do meio escolar e familiar.
         Preceptoria: cada preceptor realiza tarefas docentes. Acompanham os alunos em sua formação e crescimento tanto físico como intelectual, cumprem também funções administrativas da escola. Um preceptor, por exemplo, acompanha a frequência dos alunos. É o preceptor quem faz a chamada de presença no início de cada período de aula.  
        Estão matriculados no D.A.D cerca de 1.500 alunos. Resumidamente, o currículo da escola está dividido pelas seguintes áreas: línguas, ciências humanas, ciências sociais e ciências naturais.
          No primeiro dia de observação nos inteiramos do funcionamento do D.A.D e tivemos o primeiro contato com os alunos. Eu e a Jéssica estamos observando as aulas da Professora Maria Teresa Prieto.
          Com o caderno de um dos alunos, pudemos acompanhar quais conteúdos já tinham visto no decorrer deste ano, cito alguns: compreensão de textos orais e escritos, classes de palavras desde o ponto de vista gramatical e semântico, revisão de regras de acentuação, usos de b/v, voz passiva e ativa, adjetivos, formação de palavras, entre outros.
         Neste primeiro dia de observações os alunos estavam em avaliação. Nas semanas seguintes tivemos muitos feriados consecutivos, por isso ficamos muitos dias sem observar.       
           Mas logo as aulas voltaram ao ritmo normal.
         Em cada aula há revisão de conteúdo. Todos os conteúdos que citei anteriormente, os alunos já estudaram em séries anteriores. A fixação destes conteúdos é desenvolvida através de muitos exercícios. Por exemplo, em todas as observações os alunos tiveram uma tarefa de análise sintática de orações.
         Após o período de observações teríamos uma semana para fazer a planificação de nossas aulas, porém decidimos que vamos continuar frequentando as aulas, já que não interferiria em nossa planificação.
Planificação
        A professora Gladys Lisabe, coordenadora do projeto na Uncuyo, organizou um curso, “Los primeiros pasos docentes”. Para que tivéssemos parâmetros no momento de fazer a planificação. E mais do que isso, para que tivéssemos acesso a algumas questões que envolvem a aprendizagem e o ensino.
     Trabalhamos com o formato de planificação, fundamentação, objetivos, conteúdo, atividades, recursos, avaliação, e o tempo de aplicação.
        Daremos duas aulas, e aprendemos a pensar na planificação como um todo, cada aula como um processo continuo e não como duas aulas distintas, e sem relação.
           Algumas reflexões que desenvolvemos no curso:
•    O conteúdo deve ser organizado levando em conta a instituição e os alunos;
•    Ensinar é uma prática intencional;
•    Ensinar e aprender tem sentido a partir do momento que contribui com o desenvolvimento pessoal;
           Vimos que revisar um conteúdo implica invocar os conhecimentos prévios do aluno e que uma boa maneira de invocar esses conhecimentos é propor que um dos alunos conte o que recorda de determinado assunto.
        Com o curso fui desenhando um modelo de planificação em minha mente e quando recebemos a tarefa de fazer a planificação, apenas precisei de muitas horas para organizar todas as ideias. Com a planificação pronta, o que faço é estudar o conteúdo que darei em aula.
        Na última observação, em 01 de novembro, os alunos leram o Ato I, da peça de Molière, El Avaro, e fizeram atividades de compreensão textual. 
           O próximo passo será a prática.
                                                                                                                   Por Julien Nancy

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2 comentários:

  1. Entrevista com gosto de sobremesa. Adorei o bate-papo. Temos que agradecer à Rádio Unisinos por abrir este espaço.

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